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O paciente que se apresenta com nódulos na palma da mão, que confluem em cordas e perdem a capacidade de extender (esticar) os dedos podem ter a Doença de Dupuytren.

A Moléstia de Dupuytren é uma alteração fibroproliferativa da fáscia palmar. O tecido normal é transformado em tecido colágeno, que progride de nódulos para cordas e posterior flexão dos dedos.

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A causa mais comum é a idiopática (criptogênica ou primária: significa que a medicina não conhece a causa).

Muitas vezes, o paciente procura o médico apenas com nódulos isolados na palma da mão, sem formação das cordas.

O fator genético é bastante importante, sendo mais comum em homens (10:1 em relação às mulheres) caucasianos, descentes de escandinavos ou do mediterrâneo. Em 45% dos pacientes, é bilateral, comumente assimético.

Etilismo crônico, tabagismo, epilepsia em uso de barbitúricos (o Gardenal é o mais comum deles) e diabete melito podem ser fatores de risco para esta afecção.

Os dedos mais acometidos são o anelar e mínimo, seguidos pelo polegar. O acometimento dos dedos médio e indicador é incomum.

O equivalente da Moléstia de Dupuytren nos pés é chamada Doença de Ledderhose (acomete 5% dos pacientes com Dupuytren) e no pênis ou vulva é a Doença de Peyronie (3%).

Nódulos no dorso das interfalângicas (nos “nós dos dedos”) são chamados de Garrod, e indicam gravidade para doença progressiva e recidivante.

A doença tem 3 estágios, descritos por Luck:

1-Proliferativo (nódulos em locais típicos)

2- Involutivo (cordas e déficit de extensão)

3- Residual (redução do volume dos nódulos, “contração” acentuada, pode ser até acelular).

Anatomicamente, a corda espiral, responsável pela deformidade, é formada pela banda pré-tendínea, banda espiral, lâmina digital lateral e ligamento de Graysson. Conhecer esta anatomia é essencial para se realizar o tratamento cirúrgico com menor risco de lesão nervosa e vascular do dedo.

Infelizmente, não há evidência na literatura médica de que se consiga evitar a progressão da doença com nenhum tipo de medicamento, tratamento local ou de reabilitação.

Quando se deve operar?

Quando a mão não apoia mais com os dedos esticados na mesa (não “espalma” a mão), flexão de 30 graus da metacarpofalângica ou qualquer flexão da interfalânfica proximal (articulação do meio do dedo). Operar nas fases iniciais da doença aumenta a chance de recidiva e de maus resultados. 

E como pode ser esta cirurgia?

No Brasil não está disponível a colagenase clostridial que pode ser injetada nas cordas para sua “dissolução” e correção da flexão dos dedos.

Pode-se realizar a cirurgia percutânea com anestesia local. Esta opção é bastante interessante. Tem uma limitação: a flexão da interfalângica proximal. E tem um contratempo: a chance de recidiva em 2 anos é maior do que na cirurgia aberta.

A cirurgia aberta para a Moléstia de Dupuytren pode ser feita com diversas técnicas, inclusive com fechamento da ferida ou manutenção da pele “aberta”, aguardando a cicatrização por segunda intenção ou enxerto de pele. Cada paciente deve ser avaliado individualmente para se decidir o melhor procedimento cirúrgico.

O prognóstico é pior em pacientes com doença agressiva e progressão rápida da contratura, pacientes diabéticos em uso de insulina, com o maior consumo de álcool, hereditariedade e localização e extensão de acometimento da moléstia.

Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio

Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia

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