Apesar de o primeiro macro-reimplante ter sido realizado em 1962 (um reimplante ao nível do braço realizado por Malt e McKhann) e o primeiro reimplante de dedo (um polegar reimplantado por Komatsu e Tamai) ter corrido em 1965, reimplantar as mais diversas partes do corpo continua sendo um desafio enorme para os cirurgiões. Nosso objetivo é conseguir resultados funcionais e estéticos cada vez melhores.

Medidas pré-hospitalares:

A parte amputada DEVE ser acondicionada em soro fisiológico ou compressas com soro fisiológico e colocados no gelo (cerca de 4o C). Dessa maneira, temos até 12h para reimplantar dedos e 6h para reimplantar partes com músculo (mão, antebraço e braço). Quando não acondicionamos desta forma, o tempo para concluir a revascularização cai pela mentade (6h e 3h, respectivamente. 

Condições do paciente:

O paciente que tem um ou mais dedos amputados, geralmente, está em condições favoráveis para ser submetido ao reimplante. Entretanto, quando a amputação envolve o antebraço e braço, a perda sanguínea é muito maior e a “lesão por reperfusão” traz riscos à vida do paciente. 

Tipos de amputação:

As amputações por traumas cortantes são as mais favoráveis para bons resultados, contudo, incomuns. 

Os traumas corto-contusos e por esmagamento são os mais comuns.  Os primeiros têm boas chances de sucesso, no reimplante. Já nos traumas por esmagamento, há grande dificuldade para se realizar a anastomose e sutura de tendões, músculos e nervos. 

O pior tipo de trauma para se conseguir reimplantar o membro e se obter bom resultado pós-operatório é a avulsão. 

Local ou “nível” da amputação:

Amputações proximais (braço e antebraço) são sempre boas indicações para reimplante, já que o impacto da perda é muito grande. Deve-se lembrar os riscos que o paciente corre caso seja mal indicado ou mal executado. 

Nas amputações de dedo: polegar e múltiplos dedos são indicações, praticamente, mandatórias. As pontas de dedo, apesar de grande dificuldade técnica, trazem excelentes resultados. 

Já amputações de dedo único na falange proximal ou média, podem resultar em um dedo rígido (duro) que atrapalha a função do restante da mão. 

Técnica operatória:

Não é escopo deste site fazer explicações detalhadas sobre técnica cirúrgica, dado que nosso objetivo é ensinar os pacientes sobre suas lesões ou doenças nas mãos.

Limpeza, antibioticoprofilaxia, fixação óssea, anastomoses vasculares, microneurorrafia e sutura dos tendões devem ser feitas na medida do possível. Nas pontas dos dedos, pode não haver veias para se anastomosar, o que diminui a chance de sucesso do procedimento. 

Por muitas vezes, há necessidade de se utilizar enxertos para artéria ou veia do reimplante.

Podemos utilizar vasos de dedos vizinhos, retalhos de pele e transferências nervosas para obter êxito no reimplante e melhorar a função.

Pós-operatório

Após a cirurgia, realiza-se um curativo de múltiplas camadas, não compressivo, protegido com tala gessada. Deve-se obervar a perfusão por meio da cor, preenchimento capilar, turgor e temperatura. 

Devemos manter os antibióticos por alguns dias. 

A hidratação deve ser abundante, para evitar a estase e hipercoagulabilidade.

Medicações anticoagulantes devem ser introduzidas caso-a-caso e não há consenso na literatura sobre sua eficácia. O uso de AAS em dose anti-agregante é utilizado pela maioria dos microcirurgiões. 

Reabilitação:

Deve ser realizada o mais precoce possível para se evitar rigidez, aderências tendíneas e tem como objetivo a recuperação completa da função. 

Conclusão:

O paciente e a parte amputada devem ser levados para um hospital que reúna condições (equipe médica e equipamentos) para se realizar o reimplante imediatamente. A experiência e treinamento da equipe são fundamentais para se obter bons resultados. 

Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio

Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia

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