Sindactilia é o nome dado para 2 ou mais dedos que nascem “grudados”, sem separação. 

Acontece para 1:2.000 nascidos. Portanto, é bastante comum. 10-40% dos pacientes tem histórico familiar (com herança autossômica dominante) e em 50% dos casos é bilateral. 

Geralmente é uma deformidade isolada nas mãos, mas pode estar associada à polidactilia (dedos extranumerários), braquidactilia (dedos menores do que o normal), clinodactilia (dedos encurvados), …

A terceira comissura (espaço entre os dedos médio e anelar) é a mais comumente acometida (57%), seguida pela quarta comissura (entre os dedos anelar e mínimo) e após pelo segundo e primeiro espaços interdigitais.

Há uma classificação para esta deformidade:

-Completa: toda a comissura acometida (o dedo está “fundido” desde o seu início até a região da unha).

Incompleta: comissura parcialmente acometida. A região distal dos dedos está independente ou região proximal está separada e a região distal está presa (acrossindactilia).

-“Simples”: quando não envolvimento ósseo. Está entre parênteses porque a idéia passada pela palavra “simples” não descreve corretamente a gravidade da lesão.

-Complexa: quando há envolvimento ósseo.

-Complexa complicada: presença de falanges ou dedos extranumerários.

Tratamento:

A primeira pergunta dos pais costuma ser: quando vamos separar os dedos?

A resposta é sempre: depende. Dedos de tamanho parecido (indicador, médio e anelar) podem esperar até cerca de 1 ano (ou 10kg) para que se diminua o risco anestésico para cirurgia. * Contudo, se houver discrepância de comprimento entre os dedos (a comissura entre o polegar e o indicador é o melhor exemplo) está indicada a comissuroplastia (separação) precoce dos dedos, já que o dedo menor traciona e deforma o dedo maior.

O tratamento deve ser realizado não apenas pela estética, mas, tem os objetivos principais de dar independência para os dedos e possibilidade de abdução e adução. As contra-indicações ficam por conta de sindactilias parciais muito discretas que não atrapalhem a função dos dedos ou sindactilias em que a separação dos dedos possa prejudicar a função de um ou mais dedos após a separação.

Sindactilia 2

Quando houver sindactilia de múltiplos dedos, devemos estagiar a separação, dando preferência para a 1ª comissura, sempre.

O objetivo da separação dos dedos e criar uma comissura o mais perto do normal possível, respeitando o formato de uma mão normal. 

Há diversas técnicas para separação dos dedos. 

Para a primeira comissura há grande chance de precisarmos de um retalho (pele com vascularização) de região próxima à mão. Para as demais comissuras, apesar de diversas tentativas de técnicas sem necessidade de enxerto de pele, a maioria delas recomenta retirada de enxerto de pele total para completar as áreas onde a pele do dedo não consegue cobrir. 

Infelizmente, a chance de a criança sofrer mais de 1 cirurgia é grande. A média de cirurgias para sindactilia é de 2,4x. 

Outro fator indesejado é a formação de cicatriz hipertrófica na região dos dedos, pela própria característica de cicatrização na idade pré-escolar.

Apesar destas más notícias, a função dos dedos fica muito próximo ao normal e a estética fica ao menos razoável na maioria dos pacientes.

*A anestesia para pacientes crianças é sempre a geral. Não se pode correr o risco de o(a) paciente acordar durante o procedimento e não há como os convencer de ficar “parado” para se fazer um procedimento com anestesia local ou regional. 

Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio

Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia

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