A hérnia de disco é uma doença degenerativa que acomete a região do disco intervertebral. Pode ocorrer em qualquer segmento da coluna vertebral, sendo mais raro na coluna torácica.
A coluna cervical é composta de 7 vértebras cervicais, separadas por discos intervertebrais e 8 pares de raízes nervosas. Na região posterior da coluna cervical localiza-se o canal vertebral.
O canal vertebral é um túnel ósseo formando, anteriormente, pela parte posterior do corpo vertebral e lateral e, posteriormente, por uma estrutura óssea chamada lâmina. A coluna possui um par de lâminas que se une na região posterior da coluna culminando no processo espinhoso.
Um bom paralelo para o canal vertebral é o conduíte utilizado na construção civil. Por dentro dos conduítes passam os cabos da rede elétrica, que vão se ramificando ao longo dos cômodos de uma edificação. O cabo de energia que chega da rua é responsável por levar energia à edificação inteira. Este cabo no nosso organismo é representado pela medula espinal. Nas edificações há ramificações no cabeamento elétrico que leva energia a todos os cômodos. Estas ramificações são denominadas raízes nervosas em nosso corpo.
O disco intervertebral é uma estrutura fibrocartilaginosa, localizada na região anterior da coluna vertebral, entre os corpos vertebrais. Possui funções mecânicas importantes de absorção de impacto e espaçador entre os corpos vertebrais, fazendo com que as articulações funcionem de forma adequada. O disco intervertebral pode eventualmente romper. Quando isto ocorre, há um extravasamento do conteúdo do disco, denominado núcleo pulposo, que pode comprimir estruturas nervosas, levando a alterações de sensibilidade, força muscular, reflexos, tato fino, coordenação motora, marcha e alterações no controle de esfíncteres vesical e anal.
A queixa típica de uma hérnia de disco cervical envolve dor súbita com início no pescoço e com irradiação para os membros superiores. Pode haver presença de formigamento, dor em queimação, cãibras, perda de sensibilidade na mão ou fraqueza associada ao quadro doloroso.
Este quadro típico é chamado de cervicobraquialgia e ocorre quando a hérnia de disco comprime a raiz nervosa. A maior parte dos casos de hérnia de disco cervical são tratadas de forma não cirúrgica, havendo indicações precisas para tratamentos invasivos: alterações de sensibilidade e força muscular, encontradas durante o exame físico e compressão da medula espinal com o desenvolvimento de sinais clínicos ou alterações no exame de imagem (ressonância magnética), compatíveis com sofrimento medular.
Em raras ocasiões pode haver compressão da medula espinal sem compressão da raiz associada. Neste caso, pode não ocorrer o quadro típico de cervicobraquialgia. De forma diferente, o indivíduo pode apresentar um quadro de alteração nos reflexos tendinosos profundos (hiperreflexia), alteração de tato fino nas mãos, alteração de marcha e no funcionamento de esfíncteres vesical e anal e aparecimento de sinais de espasticidade. Diferentemente dos casos de compressão radicular, na compressão medular com alterações clínicas ou no exame de imagem a indicação é de tratamento cirúrgico.
A diferença nos quadros de compressão de raiz ou medula é determinado pelo volume e localização da hérnia de disco.
O diagnóstico correto é essencial na indicação do tratamento mais adequado e só pode ser determinado após consulta médica e realização de exame físico neurológico detalhado.
Artigo escrito pelo Dr. Denis Seguchi Sakai
Médico Ortopedista especialista em Coluna
